Na Netflix, documentário sobre Power Rangers derroca a antiga lenda urbana do Orkut

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A origem dos Power Rangers está documentada em vídeo

Se você costumava frequentar fóruns e até redes sociais, há uns 10 anos, como o não tão saudoso Orkut, certamente deve ter visto comunidades que destilavam um verdadeiro ódio contra Power Rangers e tudo o que era produzido pela antiga Saban, incluindo até mesmo a fase da franquia comandada pela Disney. O fim da Rede Manchete, em 1999, criou uma lacuna de séries tokusatsu na TV brasileira. Apenas duas produções originais foram exibidas em nossas telinhas de lá pra cá e era mais fácil encontrar os heróis nipo-americanos em determinados horários da TV aberta e da TV paga.

A falta de informação e de compreensão criou um problema que permaneceu por um bom tempo no fandom brasileiro de tokusatsu. Era um período de trevas e não seria exagero dizer hoje em dias que num passado não muito distante criaram uma espécie de polarização fantasma entre Japão e EUA, que só existia nos guetos do fandom. Havia uma parceria (de negócios) entre a Toei e a antiga Saban, sendo que esta última deu lugar à Hasbro. Você pode até não gostar de Power Rangers, mas deve admitir que a franquia é um sucesso de grande importância para a história do gênero tokusatsu. Portanto, merece reconhecimento e nosso respeito.

Esse ranso foi desaparecendo nos últimos anos graças às informações transmitidas por este que vos escreve e por outros produtores de conteúdo como os amigos Danilo Modolo do canal TokuDoc, Raphael Maiffre do portal Mega Power Brasil e Bone Lopes do canal Resistência Tokusatsu. Tinha muita gente que ainda queria empeiticar em tentar “provar” o contrário, mas os encontros entre atores de Power Rangers e de Super Sentai nos eventos americanos foram os primeiros sinais que ajudaram a afundar toda e qualquer tese de “cópia” e de “picaretagem”. Hoje deve ter uns dois ou três gatos pingados que ainda estão presos nessa bolha, mas não possuem a mesma força que antes para pregar o ódio e julgar quem gosta da versão americana.

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Haim Saban na série de documentários | Reprodução/Netflix

E pra nossa grata surpresa, a Netflix lançou nesta sexta (15) a nova temporada da série de documentários Brinquedos que Marcam Época (The Toys That Made Us). O segundo episódio é sobre Power Rangers. Boa parte das informações já era sabido pelos fãs, mas vale pelos depoimentos dos envolvidos como os atores Walter Jones (Zack/Ranger Preto) e David Yost (Billy/Ranger Azul), além de nomes como Shinichiro Shiraura, produtor da Toei e de Haim Saban, o criador da franquia norte-americana, entre outros.

O documentário é um material imprescindível para quem realmente curte o gênero e/ou tem interesse em se aprofundar no meio. A introdução foi uma apresentação – podemos dizer assim – para os leigos que não conheciam esse universo dos heróis faiscantes e monstros de borracha. Heróis das décadas de 60 e 70 como Robô Gigante, Iron King, Kamen Rider, Spectreman, entre outros representaram a era de ouro. Para quem não está acostumado, será no mínimo curioso ver cenas de Zyuranger com o áudio original.

Mas o mais interessante é ver os depoimentos de gente que fez parte dessa história. Stan Lee, falecido há um pouco mais de um ano, falou através do material extra do DVD-box de Spider-Man (a versão tokusatsu de 1978) para explicar o gancho que inspirou a Toei a aproveitar sua parceria com a Marvel na concepção da franquia Super Sentai e como a ideia dos robôs gigantes contribuíram para ela e consequentemente para Power Rangers. As tentativas de Lee para adaptar Sun Vulcan e de Haim Saban para Bioman nos EUA não poderiam ficar de fora.

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Bioman foi a primeira tentativa de Saban para adaptar um super esquadrão no ocidente

Nem é preciso dizer que o próprio documentário é uma verdadeira pá de cal na velha lenda urbana sobre as groselhas que surgiram no extinto Orkut. Esse episodio de Brinquedos que Marcam Época é um registro importantíssimo sobre a franquia e também sobre tokusatsu. Com isso, a polêmica que nunca deveria ter existido chega oficialmente ao fim. Algo parecido que vier depois disso é coisa de apenas mais uma figura no pântano que quer insistir na “causa” perdida.

PS: Dê preferência ao áudio original do documentário. A dublagem possui erros crassos em alguns títulos.

Autor: César Filho

Sou César Filho e desde pequeno acompanho séries japonesas, especialmente do gênero tokusatsu. Em 2013, lancei o Blog Daileon, meu espaço autoral onde comento sobre as principais produções da cultura pop japonesa. Incluindo animês como Os Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball e Gundam; e tokusatsu como Jaspion, Kamen Rider e Ultraman. Entre 2013 e 2017, fui palestrante em eventos como Sana e Anime Master, sediados na cidade de Fortaleza, capital do Ceará. De 2018 a 2023, fui redator e colunista do JBox, um dos principais sites especializados em cultura pop japonesa no Brasil. Em 2024, o Blog Daileon estará de cara nova e ânimos reforçados. E, é claro, com o mesmo propósito de entreter os fãs de tokusatsu e explorar o legado destas produções com 70 anos de história no cinema e na TV. Let’s Change!

13 comentários em “Na Netflix, documentário sobre Power Rangers derroca a antiga lenda urbana do Orkut”

  1. Excelente matéria Cesinha! Este episódio além de emocionante (como a maioria dos lançados na série) é muito informativo. Para nós fãs e comunicadores é mais especial ainda pelo envolvimento que temos com este universo, que oficalmente hasteia uma bandeira branca da paz! Fantástico! E o que foi muito incrível também foi ver o envolvimento de uma mulher na concepção deste início ao lado do Haim, das primeiras impressões que chegaram a nós com os saudosos Power Rangers. Além do episódio trazer uma desmitificação em torno dessas “brigas de bolha” como você mencionou, também traz uma desmistificação sobre mulheres curtirem estas produções! E que delicia rever todos aqueles brinquedos e colecionáveis e até identificar alguns em nossas coleções pessoais! Demais! =D Bjao!

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    1. Obrigado, Lulu. Ainda não parei pra ver as temporadas anteriores e gostei bastante do que vi e de como abordaram sobre tokusatsu. Essas brigas jamais deveriam existir. Tanto Power Rangers como Super Sentai ensinam sobre unidade, amizade e coisas do tipo. A franquia veio pra ficar, renovar seu público e marcar a memória afetiva do público. Let’s rocket! Bjs!

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  2. O advogado dos Power Lixos. Sempre vou odiar essa porcaria, nunca vou respeitar essas montagens picaretas sem criatividade.

    Mesmo hoje em dia em que os sentais originais conseguem ser piores do que Power Rangers, isso não significa que vou dar espaço pra esse lixo.

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    1. Ô inteligência, vc assistiu ao documentário? Nele tem depoimento do produtor da TOEI, a empresa JAPONESA que faz os tokusatsu. Lá ele fala se power rangers é uma picaretagem, cópia e etc.
      Então não é ser advogado de ninguém, é vc ver com seus próprios olhos alguém da PRODUTORA JAPONESA dizendo como foi/é o acordo pra fazerem power rangers.

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    2. Esqueçam esse Flávio. Ele tem asperger e apenas quer atenção, quando na verdade apenas precisa de tratamento. Ele odeia porque precisa odiar, é o que dá sentido à vida dele. E é vergonhoso vindo de um sujeito virjão com mais de 40 anos, não fez nada de proveitoso na vida além de ser garrancheiro e balconista de sebo. Fora ser lambe-botas de político, usando isso como último recurso para dizer que ‘deu certo na vida’.

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  3. Ainda não assisti a série, mas está na minha lista. Sempre é importante frisar, também, que o Japão passou por uma série crise econômica na virada e início da década de 1990, o que associado à baixa popularidade de uma sequência de séries, quase levou Super Sentai ao fim. Sendo assim, mesmo quem não gosta de Power Rangers deve certa gratidão ao Haim Saban por ter injetado dinheiro e mantido a produção ativa. Vai saber o que poderia ter acontecido caso a Toei tivesse ficado sozinha. Seria complicado segurar o rojão com o bolso apertado.

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    1. Oi, João. O episódio também fala sobre essa crise no Japão. Acredito que a franquia Super Sentai teria acabado ainda nos anos 90 se não existisse Power Rangers. Falando nisso, quando Ricardo Cruz se encontrou pessoalmente com o produtor Shinichiro Shirakura nesse ano, ele disse que se um dia a franquia japonesa acabar, ela não volta mais (assim como aconteceu com os Metal Heroes na TV japonesa). Tudo é questão de circunstâncias.

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  4. Eu só não entendi qual a lenda urbana que você fala na matéria. É aquela que dizia que onde passava Power Rangers não podia passar Super Sentai japonês?

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  5. Ótima matéria.
    Essa série da Netflix é muito legal e esse episódio dedicado a Power Rangers foi Show, muito esclarecedor.

    Eu assisti dublado e não vi nada errado, ficou bem legal, senti falta do Eduardo Dascar não ter dublado o Billy (David Yost) mas tudo bem kkkkkkkkkkkkk

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  6. só digo uma coisa power Rangers fez sucesso ,pois a saban , fez também parcerias, com as grandes redes de tv de ex. aqui no brasil com a globo ,no mexico com a televisa ,se tratando de preferencia confesso que ja tentei assistir a serie,mas nem se compara com os sentais originais ,principalmente os clássicos.

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