‘Digimon 02: O Início’ evoca a nostalgia da franquia no auge do sucesso no Brasil

Davis, Ken e cia estão de volta… pela última vez? | Divulgação: Toei

Não é toda vez que a gente vê um animê nas salas brasileiras de cinema, e quando chega temos que aproveitar ao máximo, principalmente se tratando de nostalgia. É o caso de Digimon Adventure 02: O Início (Digimon Adventure 02: The Beginning), que está em cartaz desde o último dia 30 de novembro. O filme estreou no Japão em 27 de outubro deste ano.

Talvez essa produção não seja uma das mais aguardadas para este fim de ano – que vai contar com as estreias oficiais do filme Godzilla Minus One nos cinemas brasileiros e do live action de Yu Yu Hakusho na Netflix, ambos em 14 de dezembro. Mas ainda assim, o novo filme dos seres digitais está conseguindo cativar um público mais adulto, na faixa dos 30 anos, que eram as crianças e adolescentes que acompanharam as séries clássicas da franquia no início da década de 2000, pela Globo e a extinta Fox Kids.

Digimon Adventure 02: O Início traz de volta os personagens da segunda temporada, tentando desvendar o mistério em volta de um novo Digiescolhido atormentado pelo seu próprio passado.

Uma nova possibilidade

Davis e Veemon avistam uma nova ameaça | Divulgação: Toei

O Início se passa 9 anos e dois meses após o final de Digimon 02 (2000~2001; os eventos da série ocorreram entre 1º de abril e 31 de dezembro de 2002), mais precisamente no final de fevereiro de 2012. E também dois anos após a batalha contra Eosmon, no filme Digimon Adventure: Last Evolution Kizuna (2020; inédito no Brasil).

Agora como adultos, Davis Motomiya, Ken Ichijouji, Yolei Inoue, Cody Hida, T.K. Takaishi e Kari Kamiya investigam um gigantesco Digiovo que apareceu acima da Torre de Tóquio, assustando consequentemente a população. Com a ajuda de seus parceiros Digimon, o sexteto conhece o misterioso Lui Owada (Rui Owada, no original), que se apresenta como o primeiro humano a ser um Digiescolhido.

Porém, Lui não tem um parceiro Digimon e seu passado é envolto de mistérios, que tem a ver com a quantidade de digiescolhidos, que cresce a cada ano. O futuro da humanidade corre perigo graças a uma promessa que Lui quando era criança. Isso é também algo que afeta o elo entre os Digiescolhidos e seus Digimons.

Digimon Adventure 02: O Início mantém aquele lado carismático da segunda temporada, além de resgatar referências que remetem imediatamente à nostalgia do público. Quem acompanhava as séries clássicas sabe que o drama e o suspense também foram os principais elementos que engrenaram o enredo.

O misterioso Lui, que se diz ser o primeiro Digiescolhido | Divulgação: Toei

Não é diferente agora, só que com uma dose extra de carga dramática para o sofrimento para Lui, com situações que seriam improváveis para a série de TV (sim, a coisa foi pesada mesmo!). Por ser um personagem novo na mitologia de Digimon, Lui rouba a atenção do público ao contar sua história, que deixa dúvida em alguns momentos do filme, mantendo mais suspense.

Mas os veteranos e os antigos Digimons não ficam para trás. Eles rendem alguns diálogos que reforçam o elo entre eles, que é a chave para resolver a questão do tal Digiovo gigante. As Digievoluções têm os mesmos efeitos que vimos lá na década de 2000, ficando de passagem para marcar, quem sabe, uma despedida.

Como nos velhos tempos

Ver Digimon Adventure 02: O Início não teria a mesma graça de antes sem as vozes do elenco original de dublagem da extinta Herbert Richers. Com a versão brasileira do Artworks Digital Studio, boa parte das vozes clássicas foram reprisadas no filme. As vozes de Davis, Kari e Wormmon tiveram que ser trocadas, já que os dubladores Bruno Pontes, Indiane Christine e Ângela Bonatti, respectivamente, não trabalham mais com dublagem.

Com certeza a falta mais sentida foi a de Caio César, dublador de T.K., que morreu com apenas 27 anos no final de setembro de 2015.

Ken e Davis chamam Wormmon e Veemon para a ação | Divulgação: Toei

Os demais dubladores voltaram, com destaque para Eduardo Dascar como Ken (neste ano ele emprestou sua voz para Billy, o primeiro Ranger Azul, no especial Power Rangers: Agora e Sempre e na série Power Rangers: Fúria Cósmica), Felipe Grinnan como Veemon/XV-mon/Paildramon/Imperialdramon, Miriam Ficher como Patamon/Angemon, Jorge Lucas como Stingmon/Paildramon/Imperialdramon, Carol Kapfer como Tailmon/Silphymon, entre outros.

Nota-se também que o tempo mudou algumas vozes, com a dubladora Adriana Torres (dando um tom amadurecido para Yolei Inuoe) e o narrador Ricardo Juarez.

Outro fato que evoca a nostalgia é a trilha sonora original de Digimon 02, com destaque para o contagiante tema de abertura Target ~Akai Shōgeki~, interpretado pelo saudoso Koji Wada. É impossível não se arrepiar ao ouvir esta e outras canções da série clássica diante da tela grande.

Imperialdramon dando cobertura para o resto da equipe | Divulgação: Toei

Digimon Adventure 02: O Início deixa uma ou outra ponta solta, mas é emocionante. Só quem acompanhou sabe a sensação de sair da sala de cinema relembrando uma boa época que não voltará jamais. Foi como reencontrar velhos amigos da época da escola.

Assistir um revival de Digimon no cinema é um momento ímpar que vai ficar na memória de quem testemunhou o auge da franquia no Brasil.

Autor: César Filho

Sou César Filho e desde pequeno acompanho séries japonesas, especialmente do gênero tokusatsu. Em 2013, lancei o Blog Daileon, meu espaço autoral onde comento sobre as principais produções da cultura pop japonesa. Incluindo animês como Os Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball e Gundam; e tokusatsu como Jaspion, Kamen Rider e Ultraman. Entre 2013 e 2017, fui palestrante em eventos como Sana e Anime Master, sediados na cidade de Fortaleza, capital do Ceará. De 2018 a 2023, fui redator e colunista do JBox, um dos principais sites especializados em cultura pop japonesa no Brasil. Em 2024, o Blog Daileon estará de cara nova e ânimos reforçados. E, é claro, com o mesmo propósito de entreter os fãs de tokusatsu e explorar o legado destas produções com 70 anos de história no cinema e na TV. Let’s Change!

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