JapAction – o último bloco de séries tokusatsu da Manchete

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Servo, o herói do nipo-americano Superhuman Samurai

A extinta Manchete estava no auge do segundo boom das séries japonesas, devido ao sucesso d’Os Cavaleiros do Zodíaco. O anime foi finalizado em 1995 e outras atrações do tipo já estavam previstas para o ano seguinte como Sailor Moon e Samurai Warriors, por exemplo. As ultimas novidades do gênero tokusatsu, até então, foram as séries Patrine, Winspector, Solbrain e Kamen Rider Black RX. Todas lançadas na Manchete entre 1994 e 1995, em parceria com a extinta distribuidora Tikara Filmes (do sr. Toshihiko Egashira).

A Sato Company, distribuidora do sr. Nelson Sato, distribuiu a série Cybercop, exibida pela Manchete entre outubro de 1990 e março de 1995. A distribuidora estava trabalhando com uma nova série feita no mesmo moldes de Power Rangers e com mais dois clássicos que estavam de volta direto-para-vídeo. A Manchete então criaria um novo bloco inicialmente dedicado apenas para tokusatsu chamado JapAction. Exibido entre 25 de março e 31 de maio de 1996. O tema principal era o mesmo do clássico AKIRA, filme anime de 1988 baseado no renomado mangá de Katsuhiro Otomo. Também distribuído no Brasil via Sato Company.

Relembre as séries que estiveram no bloco:

Superhuman Samurai

Também conhecido como Superhuman Samurai Syber Squad, foi uma série nipo-americana de tokusatsu produzida pela DIC Entertainment, em parceria com a Tsuburaya, entre 1994 e 1995. Estrelada por Matthew Lawrence (do filme Uma Babá Quase Perfeita), contava a saga do adolescente Sam Collins que um dia foi escolhido por um programa de computador para assumir o codinome Servo e defender a rede de computadores das forças de Kilokhan. Com o tempo, seus colegas da banda musical Team Samurai passam a ajudá-lo na luta contra os monstros gigantes Mega-Vírus.

Assim como em Power Rangers, as cenas de ação foram baseadas numa série japonesa. Desta vez foi com Denkou Choujin Gridman (de 1993). A série da Tsuburaya teve apenas 39 episódios, enquanto Superhuman Samurai totalizou 53. Em entrevista à edição única da revista Gyodai, Sato afirmou que queria trazer Gridman para o Brasil, mas teve que levar a adaptação americana devido à imposição da própria Tsuburaya na época.

Superhuman Samurai era uma série bobinha e que não tinha grandes pretensões, mas vez por outra divertia. Talvez por conta da dublagem feita pela extinta Gota Mágica, que havia escalado Hermes Baroli para dublar Sam/Servo e outros grandes nomes conhecidos por Os Cavaleiros do Zodíaco.

Foi a primeira série do bloco JapAction e era exibido inicialmente de segunda à quinta às sete da noite.

Veja um trecho da abertura do episódio 14, do dia 13 de maio de 1996. Dia em que estreou no então novo horário das sete e meia.

Ultraman

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A Manchete exibiu apenas os episódios de Ultraman ainda com a máscara Type-A

Clássico da Tsuburaya de 1966. O agente Hayata, da SIA, foi morto durante uma perseguição contra o alienígena Bemlar. Ao ver a coragem de Hayata, Ultraman ressuscita o jovem e o toma como hospedeiro para lutar contra os monstros gigantes na Terra.

Indiscutivelmente, é uma das séries mais importantes da cultura pop e obrigatória para quem é fã de tokusatsu. Rendeu uma franquia que já passa de meio século e conquista a nova geração. Ultraman havia retornado ao Brasil em 1995 para VHS e sofreu redublagem pela BKS que alterou o nome da Patrulha Científica para “SIA”. Em entrevista ao livro Ultraman, do amigo Danilo Modolo do canal TokuDoc, Nelson Sato conta curiosidades sobre esta passagem do herói em vídeo e na TV nos anos 90 e seu plano de trazer as demais séries Ultra da era Showa.

Todos os 39 episódios foram relançados, mas apenas 12 foram exibidos e reprisados na Manchete. Inicialmente fazia dobradinha com Superhuman Samurai e passava de segunda à quinta às sete e meia da noite. A audiência não foi satisfatória e em seu lugar entrou a reprise de Kamen Rider Black RX a partir de 29 de abril de 1996.

Ultraman continuou em exibição no JapAction às sextas–feiras a partir das sete e meia e continuou nesse horário até o fim do bloco.

National Kid

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O herói da quarta dimensão não teve uma exibição merecida na emissora carioca

A primeira série tokusatsu exibida na TV brasileira. Clássico de 1960, apresentava o herói que veio da galáxia Andrômeda e que tinha o domínio da quarta dimensão. Na Terra, se disfarçava como o professor Masao Hata (Ryusaku Hata). Hata cuida de cinco crianças órfãs que acabam se envolvendo com os estranhos fenômenos que ocorrem na trama.

Sucesso no Brasil nos anos 60, National Kid ganhou relançamento em vídeo pela Sato Company em 7 de outubro de 1993. Porém a nova versão era compactada pela própria Toei em 1987. Ou seja, as sagas eram compiladas como se fosse um “filme” ao invés do tradicional formato com os 39 episódios para a TV. A distribuidora também fez questão de convidar o saudoso Emerson Camargo para voltar a dublar o herói. Os trabalhos foram feitos na Windstar (a mesma de Patrine e Winspector), porém os créditos tiveram o nome da voz oficial de National Kid. Uma homenagem a um dos maiores dubladores que marcaram gerações.

A Manchete teve que se virar para criar um formato episódico para a TV. Foram exibidos apenas 3 episódios da saga dos Inca Venuzianos.

National Kid estreou no JapAction em 29 de março, sendo exibido às sextas a partir das sete da noite e ficou por lá até o dia 10 de maio de 1996.

Atualmente o clássico está disponível no canal Tokusatsu TV (via YouTube).

Solbrain

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Solbrain serviu de tapa-buraco nas noites de sexta do bloco

Série de 1991, foi a segunda da trilogia Rescue Police. Portanto, uma continuação direta de Winspector. O chefe Shunsuke Masaki, do Esquadrão Especial, recruta novos policiais para a formar a Super Equipe de Resgate para combater o crime no Japão. Ao seu lado estão Daiki Nishio/SolBraver, Reiko Higuchi/SolJeanne e o robô SolDozer. Além do policial Jun Masuda, o supercomputador Cross 8000 e mais tarde Ryuma Ogawa assumindo o codinome Knight Fire. Totalizou 53 episódios.

Solbrain já havia estreado na Manchete em 12 de junho de 1995 na Sessão Super-Heróis e era licenciado pela Tikara Filmes. Foi a última série da franquia Metal Hero a passar no Brasil. As reprises serviram apenas como “tapa-buraco” no bloco nas sextas às sete e meia da noite, entre 29 de março e 26 de abril de 1996. Logo após National Kid.

Kamen Rider Black RX

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Black RX contra os feiticeiros Skarma

Continuação de Kamen Rider Black, a série de 1988 apresentava Issamu Minami na luta contra o Império Crisis que planeja formar uma colônia de seres espaciais na Terra. Foi a última série Kamen Rider da era Showa e foi a primeira a formar o conceito de formas alternativas. Assim, RX poderia assumir como Robo Rider e como Bio Rider. A trama teve a volta de Shadow Moon em apenas dois episódios. O herói conta com o apoio dos 10 Kamen Riders que o antecederam para a batalha final contra Crisis. Totalizou 47 episódios.

Trazido pela Tikara Filmes, Kamen Rider Black RX foi exibido pela primeira vez na Manchete em 24 de julho de 1995 na Sessão Super-Heróis. Durante as reprises no Brasil, sua adaptação americana Masked Rider foi exibido pelo extinto canal pago Fox Kids. Foi a última série Kamen Rider no Brasil até pouco tempo, pois Kamen Rider Amazons é a série mais recente da franquia a estrear por aqui via canal de streaming Amazon Prime.

Kamen Rider Black RX também serviu de tapa-buraco no bloco, sendo exibido de segunda à quinta às sete e meia da noite. Ocupando o horário de Ultraman entre 29 de abril e 9 de maio de 1996. Em seu lugar entrou Superhuman Samurai, que inaugurava seu novo horário.

Shurato

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Shurato foi a grande estreia, de fato, do JapAction

Foi o único anime exibido no bloco JapAction. Licenciado pela Tikara Filmes, a série de 1989 focava nos jovens Shurato Hidaka e Gai Kuroki que foram transmigrados para o Mundo Celestial pela deusa Vishnu. Os dois estavam destinados a serem integrados aos Oito Guardiões, porém Gai foi misteriosamente possuído pelo mal. Começa assim uma trama de muita conspiração e elementos da mitologia hindu.

A aposta da distribuidora local era de seguir carona do sucesso de Seiya e cia. Mesmo com todo marketing voltado para o lançamento, a série teve um sucesso mediano e até hoje é lembrado por quem assistia na época. Destaque para o dublador Marcelo Campos que deixou seus gritos a la Bruce Lee como marca registrada do herói. Por causa da grande demanda de títulos para a Gota Mágica trabalhar, a dublagem teve que ser feita na Dubla Vídeo, em São Paulo.

Shurato teve 38 episódios para a TV e mais uma série em OVA inédita no Brasil. Estreou em 13 de maio de 1996 e era exibido de segunda à sexta a partir das sete da noite. A estreia de Shurato fez com que Superhuman Samurai mudasse de horário para às sete e meia da noite, de segunda à quinta. Ultraman continuaria mantido nas sextas também no mesmo horário. National Kid já não estava mais no bloco desde então.

Pós-JapAction

Com o fim do bloco em 31 de maio, a Manchete mudou a sua programação infanto-juvenil. As séries exibidas no extinto JapAction continuaram na programação em outros horários. Em 3 de junho (segunda) estreava o anime Samurai Warriors às 18h15. Shurato foi antecipado na mesma data para a faixa das 18h45.

Créditos de datas: Matheus Mossmann (do blog Dynablack Asylum)

Autor: César Filho

Sou César Filho e desde pequeno acompanho séries japonesas, especialmente do gênero tokusatsu. Em 2013, lancei o Blog Daileon, meu espaço autoral onde comento sobre as principais produções da cultura pop japonesa. Incluindo animês como Os Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball e Gundam; e tokusatsu como Jaspion, Kamen Rider e Ultraman. Entre 2013 e 2017, fui palestrante em eventos como Sana e Anime Master, sediados na cidade de Fortaleza, capital do Ceará. De 2018 a 2023, fui redator e colunista do JBox, um dos principais sites especializados em cultura pop japonesa no Brasil. Em 2024, o Blog Daileon estará de cara nova e ânimos reforçados. E, é claro, com o mesmo propósito de entreter os fãs de tokusatsu e explorar o legado destas produções com 70 anos de história no cinema e na TV. Let’s Change!

4 comentários em “JapAction – o último bloco de séries tokusatsu da Manchete”

    1. Oi, Anderson. É verdade. Infelizmente nunca cheguei a ver a Sessão Super-Heróis (o mesmo nome do bloco de tokusatsu da Manchete) na CNT. O sinal da emissora saiu daqui de Fortaleza ainda no começo do ano 2000. Sei que o Ricardo Cruz chegou a participar do programa.

      PS: Cybercop (o título da série) é sempre no singular. 😉

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